Fonte: Noon Raw Pixel
Essa frase que está presente na nossa extensa lista de ditados populares é nos dita muitas vezes quando "nos livramos" de alguém, principalmente quando é de alguma forma não desejada. Para servir como consolo. Mas será que esse consolo é genuíno?
Desde pequenos somos apresentados à uma forma de ver o mundo: a princesa encantada está a espera do seu príncipe, a mocinha indefesa encontra no fim a sua metade, o esquisitão da escola só é assim porque é sem amigos, deslocado, solitário. Ou seja, como diria o poeta Tom Jobin em sua música Wave "é impossível ser feliz sozinho". É comprovado cientificamente que o ser humano é um animal que necessita viver com outros de sua especie, mas em um mundo em que temos cada vez mais acesso uns aos outros, como é possível estarmos cada vez mais distantes? Como é possível o sentimento de solidão está cada vez mais presente nesta geração?
A internet, que deveria ser uma rede de interligação e intercomunicação, mais segrega do que une. As pessoas vestidas com uma mascara usam deste ambiente online para despejar seu ódio fantasiado de opinião. Em momentos específicos, como o Setembro Amarelo, as pessoas fingem se importar, mas na realidade só fazem para serem validados. Na vida real, com pessoas reais, olham torto, julgam, não escutam quando alguém vem dizer que tem depressão, ansiedade, bipolaridade, entre outras.
Estamos cada vez mais viciados na "presença" do outro nas nossas vidas. Coloco presença em aspas pois não queremos a presença profunda, com troca e respeito, mas sim como fanatismo. Em um tempo que é fácil ser influenciador, só queremos seguidores para influenciar e não nos relacionar. As opiniões são 8 ou 80, não tem meio termo. Nos aplicativos as relações são gamificadas, quanto mais matches mais bonito e relevante eu sou. Aquilo nem precisa gerar uma conversa ou até mesmo um encontro. E se gera, é obvio que vai acabar em sexo, mesmo sem nunca terem tocado neste assunto. Ah, mas qualé? Está implícito! Se não queria sexo porque baixou o Tinder então?!
É nesses momentos, que quero, busco e necessito com todas as minhas forças a aprender a lidar comigo. A gostar de passar um tempo comigo mesma, de me amar antes dos outros e de pensar mais em mim do que na opinião alheia. Porque o mundo já não é mais como os filmes e os contos de fadas queriam nos ensinar, na verdade nunca foi. Você pode compartilhar uma vida inteira com alguém, mas no final você está sozinho. E não de um jeito ruim, mas você é a única pessoa que vai te acompanhar por sua vida inteira. Que vai estar nos piores e melhores momentos da sua vida e que vai saber o que realmente está passando.
Isso tudo pode estar parecendo uma grande bagunça, mas é o que estou aprendendo cada vez mais: pôr menos expectativas nos outros e mais em mim mesma. Olhar para mim com mais carinho e amor. Respeitar o meu limite para assim saber como impor para os outros. Não adianta nada tentar conhecer alguém novo se você não conhecer a si mesmo. Saber que esses momentos de solidão pode, e deve, se transformar em momentos de solitude. Ou seja, contrariando o Jobin, é possível sim ser feliz sozinho.
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